O charme visível, no entanto, fica para o prédio atual da New World Symphonic. A obra de Frank Gehry guarda mistérios, inspirando à todos com uma experiência que faz da música algo altamente envolvente, numa construção que abriga várias salas além do auditório, aguçando sentidos e sensações. As formas tortuosas geram um estranhamento que prepara corpo e mente para receber a música. No entanto é ainda do lado de fora que está a melhor surpresa. Uma alta e longa parede branca (durante o dia) dá lugar a uma tela de projeção perfeita na qual são reveladas imagens instigantes e reproduções fieis do que está acontecendo do lado de dentro do prédio (durante a noite). O som fica por conta de tubos e canos que se espalham pela praça localizada logo a frente, num sistema altamente moderno de som que garante plena fidelidade dos tons e acordes. O ambiente, por fim, se transforma em local de confraternização onde pessoas de todos os tipos se juntam para curtir um momento de prazer e cultura. Mais incrível, porém, é o registro de que a mesma é mantida pela iniciativa privada – por meio de doações.
Porém, não é só isso. Em Las Vegas um prédio muito interessante gera igual curiosidade e interesse. As curvas sinuosas, as linhas que parecem tombar e o agrupamento de paredes que ensaiam derreter também estão presentes no Lou Ruvo Center, um centro de saúde mental. A obra, também de Frank Gehry, num outro contexto que estranhamente gera uma sensação similar mas ainda assim muito diferente da construção em Miami. A arquitetura traduzida como forma de instigar mesmo sem explicar, de mandar mensagens sem precisar estar dentro de um contexto. Enquanto o prédio da NWS lembra mesmo uma sinfonia de concreto o Brain Center remete a essa insanidade, aos mistérios da mente. Comunicar pela imagem, pelo visual, é o começo de tudo. Isso podemos fazer com nossa casa e, claro, com nossas roupas.